domingo, 10 de julho de 2011

Agnelo, o autodidato sem nota

Inércia de quem prometeu um Novo Caminho frustra o senador Cristovam;
governador prefere aliar-se a inexpressivo deputado em detrimento de
quem o carregou nas costas

O senador Cristovam Buarque (PDT) está desgostoso com Agnelo Queiroz (PT).
Provocado a falar sobre a administração petista no Distrito Federal, ele
silencia. Quando solicitado a dar uma nota, se esquiva. "Agnelo não
é meu aluno", justifica Cristovam. E acrescenta: "Ao contrário, ele
quer se afastar ao máximo. Só dou nota a alunos".

As palavras de Cristovam, postadas no Twitter, têm sabor de
melancolia. Não que o senador esteja passando por um surto
psiquico-depressivo, mas o que se observa é que há um
misto de angústia e desprezo por Agnelo. O senador faz
lembrar a definição de Freud para um estado melancólico:
a ausência que dói.

Ausência de governo, de pulso firme; a inexistência de
respeito, do fraco que não reconhece que foi carregado
 nas costas para fazer-se forte. É esse tipo de
sentimento que Cristovam nutre hoje por Agnelo.
Essa é a mínima interpretação que se faz quando se lê
 e se ouve o senador quando o assunto é Agnelo,
um aluno sem rendimento, e consequentemente, sem nota.

Sem um professor, Agnelo aposta no fenômeno do aprender
 sózinho. Um autodidata. Mas, sem um mestre que lhe indique
 o verdadeiro caminho a seguir, o governador, como a
maioria dos autodidatas, enfrenta dificuldades no processo
 de aprendizagem. Passa o carro na frente dos bois e é
atropelado por quem vem atrás. E submerge no ostracismo
que se imaginava imune.

Não é apenas a inércia do governo que prometeu um
Novo Caminho que frustra o senador pedetista. Cristovam,
ex-ministro da Educação de Lula, é hoje o brasileiro mais
 em evidência nesse campo. A educação está para
Cristovam como já esteve para Darcy Ribeiro e
Paulo Freire. Mas nem isso Agnelo reconhece.

Na formação do governo, Agnelo Queiroz preteriu
indicações de Cristovam Buarque para as secretarias
 da Educação e do Trabalho. O governador optou por
 
 aliar-se a um inexpressivo deputado distrital de primeiro
 mandato, eleito com as bandeiras do PDT, que lhe garante
 um voto na fisiológica base da Câmara Legislativa.

Aluno relapso, Agnelo tem sido comparado ao médico (que é)
 que não sabe romper o cordão umbilical dos males que o
cercam. Ele confia nos 676.394 votos que recebeu no
primeiro turno. Mas esquece que Cristovam, como senador,
teve 833 mil 480 votos.

Magoado, constrangido, mas sempre emitindo os
sinais de um ideal positivo. É esse o Cristovam
Buarque que se lê no Twitter. Um Cristovam que
 não guarda rancor, mas que sabe dar a volta por
 cima. Paciente, ele espera 2014 chegar, quando
pretende enfrentar Agnelo nas urnas, numa disputa
 fratricida que pode detonar a esquerda candanga.

Portanto, se o outro lado vencer a disputa pelo Palácio
do Buriti nas próximas eleições, só Agnelo perderá.
Porque Cristovam, que não é autodidata, terá mais
quatro anos de mandato no Senado.

Fonte: Blog do José Seabra

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